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III CONFERÊNCIA PAN-AMERICANA DE CRUZ VERMELHA - 1935 

(1ª Reunião Internacional de Cruz Vermelha no Brasil)

 

Realizada no Rio de Janeiro de 15 a 26 de setembro. Tomaram parte na Conferência as Sociedades Nacionais da Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, além da então Liga de Sociedades de Cruz Vermelha, e o Comitê Internacional de Cruz Vermelha, e Sociedades Nacionais convidadas: Alemanha, Áustria, Bélgica, China, Egito, Espanha, França, Grécia, Itália, Japão, Holanda, Polônia, România, Suíça, Tchecoslováquia.

Antecedentes:

 

A Cruz Vermelha Brasileira – CVB – recebeu, em 1926, da II Conferência Pan-Americana, realizada em Washington, a incumbência de realizar em sua sede no Rio de Janeiro a III Conferência Pan-Americana de Cruz Vermelha. Infelizmente, por diversos fatores alheios à sua vontade, a CVB se viu obrigada a várias vezes adiar a reunião, seja por problemas de ordem interna no país (Revolução Constitucionalista) e outros posteriores de ordem continental como o estado de guerra de quatro nações sul-americanas.

 

Em 1928, o Conselho Diretor da Cruz Vermelha Brasileira aprova ser a anfitriã da III Conferência agendada para 1930, que culminaria com o término das obras de seu edifício sede. No ano seguinte, a reunião é postergada para 1931, com a anuência do então Presidente da República e seu apoio para finalizar as obras do prédio, cujo acabamento ainda necessitava de vitral, piso, mármores para escadas, grades de ferro e corrimão da escada. Somente em 8 de setembro do ano de 1930, realizou-se no prédio sede da Instituição, ainda no antigo endereço Praça Vieira Souto, a primeira reunião estatutária da CVB, a Assembleia Geral Extraordinária.

 

A crise vivida no país com a Revolução de 1930, a sucessão do Presidente Washington Luís e a implantação do Estado Novo mudaram os planos de realização da Conferência para o ano seguinte. Não tendo conseguido apoio financeiro, pediu-se autorização à Liga de Sociedades de Cruz Vermelha para adiar o certame para o ano de 1933.

 

No ano de 1933, dada à situação por que passava o país com a Revolução Constitucionalista, a CVB se viu obrigada a oficiar a Liga a impossibilidade de realizar a reunião naquele ano.

III Conferência Pan-Americana da Cruz Vermelha

De 15 a 26 de setembro de 1935

 

Em 1934 a Cruz Vermelha Brasileira participou da 15ª Conferência Internacional de Cruz Vermelha, reunida em Tóquio, Japão, na qual o então Presidente General Álvaro Carlos Tourinho foi eleito membro da Comissão Permanente, e a CVB e o Governo brasileiro foram felicitados pela decisão de serem anfitriões da III Conferência Pan-Americana de Cruz Vermelha.

 

No início do ano de 1935 foram postas em práticas diversas ações para garantir o sucesso da reunião. Iniciaram-se as postagens dos convites às Sociedades Nacionais e a algumas filiais, dentre as quais já haviam confirmado presença, em março de 1935, as Filiais de Lavras, Barra do Piraí, São Paulo, e as Sociedades da Bolívia, Paraguai, Chile, Youguslávia e o Comitê Central da Cruz Vermelha Francesa.

 

Em julho, recebeu a CVB a visita do Sr. A. R. Larrosa, Subsecretário Geral da Liga e Diretor do Burreau Pan-Americano de Cruz Vermelha, para tratar dos últimos detalhes para a conferência. 

A Conferência

 

Saudações e Mensagens:

 

A Reunião no Rio de Janeiro, em setembro vindouro, da Terceira Conferência Internacional Americana da Cruz Vermelha é mais uma demonstração palpável e inconfundível do anseio universal de paz e solidariedade humana

 

Getúlio Vargas, Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil

 

Tenho o privilégio, como Prefeito do Rio de Janeiro, capital da República, de dirigir, em nome da população da cidade e no meu próprio, esta mensagem de cordiais boas vindas a todos os delegados das Sociedades nacionais da Cruz Vermelha, assim como aos das organizações e instituições sociais que tomarão parte nos trabalhos da IIIª Conferência Pan-Americana da Cruz Vermelha, cuja missão é dar vida e caráter ao espírito internacional de mútuo auxílio.

 

A vossa adesão é a mais firme garantia do interesse que prestais a questões que figuram na Ordem do dia da reunião, isto é, aos princípios que regem a Cruz Vermelha Internacional e aos problemas que mais interessam a América.

 

Pedro Ernesto Rego Baptista, Prefeito do Distrito Federal

 

A realização, no Rio de Janeiro, da IIIª Conferência Pan-Americana da Cruz Vermelha, de acordo com a resolução da IIª Conferência Pan-Americana da Cruz Vermelha, celebrada em Washington, em 1926, sob os auspícios da Liga de Sociedades da Cruz Vermelha, de Paris, e convocada pela Cruz Vermelha Brasileira, constitui um acontecimento verdadeiramente notável e que toca muito de perto o sentimento de nosso povo bondoso, caritativo e humanitário.

 

Assim, tenho a certeza de interpretar fielmente o pensamento da imprensa brasileira, oferecendo todo o nosso apoio moral e simpatia a este importante certâmen, ao qual auguramos o mais completo êxito.”

 

Herbert Moses, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa

 

A Cruz Vermelha Brasileira, ao aproveitar esta oportunidade feliz que se lhe oferece para, por meu intermédio, mandar a sua saudação às suas coirmãs e aos seus ilustres delegados a IIIª CONFERÊNCIA PAN-AMERICANA, que, em setembro, o Rio de Janeiro agasalhará, quer exprimir a sua grande alegria em receber, na sua casa, tão destacados servidores dos nossos ideais, e a tranquila confiança de que mais um passo marcharemos na estrada larga e arejada dos nossos objetivos superiores.

 

A IIIª CONFERÊNCIA DE CRUZ VERMELHA será bem-vinda ao Rio de Janeiro. Bem-vinda pela grata satisfação de hospedar os seus ilustres componentes; bem-vinda pela honra que lhe é dada, como sede dessa reunião; mas bem-vinda, sobretudo pelo esforço que representa para dar ao homem mais conforto, mais harmonia, mais felicidade.

 

O Rio de Janeiro, capital, coração político e social de um país, como o Brasil, campo novo, onde forças jovens se movem, isentas de preconceitos, e, por isso mesmo, capazes das mais generosas renúncias em prol do bem comum, dará guarida carinhosa e entusiástica em seu seio, entre o mar que busca o infinito dos destinos terrenos e a montanha que se lança em busca dos céus, aos homens de boa vontade que vêm combater o bom combate da felicidade de seus semelhantes.

 

Como presidente da CRUZ VERMELHA BRASILEIRA, como homem e como brasileiro, eu os saúdo e lhes afirmo o êxito de nossa missão, porque ela tem alguma coisa de mais alto e mais absoluto que um simples dever funcional: é o idealismo que constrói, pela chama divina que o anima."

Gal. DR. ÁLVARO CARLOS TOURINHO

Presidente da Cruz Vermelha Brasileira,

Diretor de Saúde do Exército,

Comendador da Legião de Honra.

Membro Honorário da Academia Brasileira de Medicina do Rio de Janeiro

 

"Vejo com imenso prazer e interesse aproximar-se a data da abertura da III Conferência Pan-Americana da Cruz Vermelha, a qual espero assistir como chefe da delegação da Cruz Vermelha dos Estados Unidos e como Presidente do Conselho dos Governadores da Liga de Sociedades da Cruz Vermelha.

 

A Cruz Vermelha Norte-americana, que aprecia vivamente as excelentes relações que mantém com as demais Sociedades Nacionais membros da Liga, se interessa de um modo particular pela extensão do Movimento da Cruz Vermelha no continente americano. Nenhum dever mais agradável para ela do que tomar parte, com as outras Sociedades Nacionais americanas, em uma manifestação destinada a intensificar ainda mais os sentimentos de solidariedade que animam estas instituições. Não preciso dizer quanto me agrada encontrar nessa ocasião os dirigentes das Cruzes Vermelhas de um número tão elevado de países e poder tratar com eles todas as questões que nos preocupam.

 

O campo que se oferece em todas as partes à ação da Cruz Vermelha é quase ilimitado. Se as Sociedades Nacionais puderem aperfeiçoar a sua organização para fazer frente às necessidades dos tempos presentes, prontamente se aperceberão de que nenhuma época deu à Cruz Vermelha tantas ocasiões para agir fora dos períodos de guerra.

 

É uma sorte para todos nós poder discutir estas questões em uma cidade como o Rio de Janeiro e reiterar à Cruz Vermelha Brasileira o nosso vivo reconhecimento pela oportunidade que nos oferece de nos renuir sob os seus auspícios."

 

ALMIRANTE CARY T. GRAYSON

Presidente do Conselho de Governadores da Liga de Sociedades da Cruz Vermelha e

Presidente  da Cruz Vermelha Americana

.

A Sessão inaugural foi realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro sob a presidência do Presidente da República, Getúlio Vargas, que foi recebido ao som do Hino Nacional cantado pelos alunos de escolas públicas municipais, e se encontrava ladeado pela Diretoria da CVB, Delegados das Sociedades Nacionais, Ministros de Estado e Representante do Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro.

Realizada no Rio de Janeiro de 15 a 26 de setembro. Tomaram parte na Conferência as Sociedades Nacionais da

  • Argentina,

  • Bolívia,

  • Brasil,

  • Canadá,

  • Colômbia,

  • Costa Rica,

  • Chile,

  • Cuba,

  • El Sanvador

  • Equador,

  • Estados Unidos,

  • Guatemala,

  • México,

  • Nicarágua,

  • Panamá,

  • Paraguai,

  • Peru,

  • República Dominicana,

  • Uruguai e

  • Venezuela,

 

Liga de Sociedades de Cruz Vermelha,

Comitê Internacional de Cruz Vermelha, e

 

Sociedades Nacionais convidadas:

  • Alemanha,

  • Áustria,

  • Bélgica,

  • China,

  • Egito,

  • Espanha,

  • França,

  • Grécia,

  • Itália,

  • Japão,

  • Holanda,

  • Polônia,

  • România,

  • Suíça,

  • Tchecoslováquia.

 

Associações brasileiras:

 

  • Associação Brasileira de Educação.

  • Assistência Hospitalar,

  • Caixa de Aposentadorias e Pensões da Light,

  • Diretoria de Saúde e Assistência Médico-Social,

  • Escola de Enfermeiras Anna Nery

  • Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,

  • Hospital São Francisco de Assis,

  • Serviço de Saúde da Marinha,

  • Serviço de Saúde do Exército,

  • Superintendência do Serviço de Enfermeiras,

  • Sindicato Médico Brasileiro,

  • Pró-Matre,

  • Assistência Pública Municipal,

  • Instituto Oswaldo Cruz,

  • Escola de Educação Física do Exército.

 

Representantes dos Governos dos Estados de

  • Alagoas,

  • Amazonas,

  • Goiás,

  • Paraná,

  • Rio Grande do Norte,

  • Rio Grande do Sul,

  • Santa Catarina.

 

AGENDA

 

  • Organização e desenvolvimento das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha;

  • Colaboração das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha com as Instituições de objetivo similares;

  • Evolução da obra da Cruz Vermelha no continente americano desde a segunda Conferência Pan-Americana;

  • Adaptação do Programa Geral da Cruz Vermelha em tempo de paz às condições particulares das nações americanas;

  • Socorros em casos de calamidades;

  • Higiene e assistência;

  • Enfermeiras,

  • Cruz Vermelha Juvenil. 

Foram aprovadas vinte e oito resoluções, dentre elas a de número três, que tratou do erguimento de uma estátua de Anna Nery, na Praça Cruz Vermelha, cujo autor da proposta foi o Secretário Geral da Cruz Vermelha Peruana, Dr. Guilhermo Fernandez Davilla. A resolução foi levada a efeito no dia 26 de setembro de 1935, em solenidade para lançamento da Pedra Fundamental do Monumento. 

Em comemoração à III Conferência, o Departamento de Correios e Telégrafos pôs em circulação selos postais nos valores de 200, 300 e 700 reis. Acresceu-se o valor de 100 reis para a Cruz Vermelha Brasileira

Encerrou-se a Conferência no dia 25 de setembro, no Teatro Municipal, com uma festa escolar em homenagem aos Delegados, sendo entoado um coral sob a regência do maestro Vila Lobos. 

Em 1936 a Liga das Sociedades de Cruz Vermelha publicou em seu último Boletim que durante a “IV Conferência Pan-Americana de Cruz Vermelha, o Conselho constata com viva satisfação o grande sucesso alcançado pela III Conferência Pan-Americana da Cruz Vermelha, que se realizou no Rio de Janeiro, em setembro de 1935, e expressa seu reconhecimento à Cruz Vermelha Brasileira por sua generosa hospitalidade; agradece igualmente a todos os participantes cujo devotado concurso permitiu fazer desta conferência uma fonte de inspiração preciosa para os dirigentes da Cruz Vermelha de toda América Latina. O Conselho solicitou ao Secretariado manter relações estreitas com as Sociedades Nacionais desta parte do mundo a fim de dar empreendimento às resoluções adotadas no Rio, visando precisamente favorecer o desenvolvimento da Cruz Vermelha e de sua obra no continente americano, e de estreitar a colaboração do secretariado com as Sociedades Nacionais americanas.”   

Em  dezembro de 1956, foi inaugurado o munumento em homenagem à Anna Nery, na Praça Cruz Vermelha, no Centro do Rio de Janeiro.   

Senador Dr. Vivaldo Palma Lima Filho, Presidente da Cruz Vermelha Brasileira discursando na cerimônia de inauguração da estátua de Ana Nery.

 

Fontes:

Acervo fotográfico e documental da Cruz Vermelha Brasileira

Jornal Correio da Manhã - Edições de 1935 - Biblioteca Nacional Digital

PORTO, Fernando e OGUISSO, Taka. História da Enfermagem, 

        Ed. 2010, Yendis Ediitora Ltda São Paulo.

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